A informação foi avançada à agência Lusa por Sandra Freitas, porta-voz de uma equipa de cinco investigadores das áreas de geomedicina e neuropsicologia das universidades de Coimbra e Aveiro e do Instituto Superior Técnico de Lisboa, que esteve durante três dias a realizar consultas em Assomada, concelho de Santa Catarina de Santiago.
Esta foi a terceira viagem de estudo ao país, depois de antes ter realizado pesquisas na Praia e no Tarrafal, também na ilha de Santiago, no âmbito de um projeto de investigação em Portugal que pretende estudar fatores de risco para o declínio cognitivo e para a doença de Alzheimer.
Em Portugal, o estudo é realizado em Estarreja, por ser uma zona de uma forte contaminação industrial, e no Alentejo, uma zona de contaminação devido à atividade mineira.
Em Assomada, com uma caracterização geográfica e geológica diferente, Sandra Freitas avançou que foram efetuadas cerca de 70 consultas, de pessoas de todas as idades, e que a equipa identificou casos de declínio cognitivo, maiores do que aquilo que seria esperado para as idades.
«São casos que consideramos clínicos, que poderão vir a ser diagnosticados como demência ou Alzheimer ou outro tipo de demência», disse, indicando que os casos mais graves, aos quais não precisou, foram remetidos para a Delegacia de Saúde local, para o devido acompanhamento.
Questionada se os resultados têm a ver com os fatores de riscos apontados no estudo, Sandra Freitas disse que não sabe responder com base em dados de uma única região e também porque em Portugal ainda não sabe se os casos têm a ver com a exposição aos metais.
A equipa, prosseguiu, vai agora cruzar os resultados dos vários locais e tirar conclusões, que só poderão ser avançadas no final do projeto de investigação, que será alargada à ilha cabo-verdiano do maio, a mais próxima da de Santiago.
Sandra Freitas referiu que as pessoas nunca tinham realizado uma consulta de avaliação clínica deste tipo, por falta de recursos, e que a maioria mencionou queixas de memória, como esquecimento, com implicações no seu dia-a-dia.
Para prosseguir com um tratamento, disse que o primeiro passo é fazer avaliação neuropsicológica e existir capacidade por parte dos serviços de saúde de identificar esses casos o mais cedo possível.
«Se há uns anos, a demência e a doença de Alzheimer estavam associadas a idades mais tardias, a literatura científica revela-nos cada vez mais que a doença de Alzheimer é cada vez mais precoce. Qualquer pessoa que passe os 50-55 anos, deve começar a estar mais atenta à sua memória, a sua capacidade cognitiva e a perceber que alterações vão surgindo no seu dia-a-dia», apelou a investigadora.
Depois disso, afirmou que as pessoas devem ter acesso à consulta de neurologia para a confirmação do diagnóstico e seguidamente receber medicação ou sessões de estimulação cognitiva para que a perda não seja acelerada e tão acentuada ao longo do tempo.
A equipa de investigação portuguesa foi constituída por duas neuropsicólogas clínicas e três na área de geomedicina.
CIÊNCIA E TECNOLOGIA / CABO VERDE / SAÚDE / UNIVERSIDADE DE COIMBRA E UNIVERSIDADE DE AVEIRO / INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE LISBOA
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